Encontrei este post perdido por aqui, não sei bem porque não foi publicado. Lembro-me perfeitamente de quando o escrevi, foi após ter ido fotografar um babyshower, no dia seguinte ao baptizado do Diogo, por isso, sei como toda a certeza que o escrevi em outubro de 2019. Continuo a pensar da mesma forma, e sendo assim, optei por mante-lo como está, apesar de agora já ter uma segunda filha, e por isso algumas partes não fazerem sentido se fossem escritas hoje em dia.


Hoje escrevo um pouco sobre algo que me tem visitado desde que sou mãe. Há imensas coisas associadas à chegada de um bebé que são tomadas como certas e absolutas.

Noto que já na gravidez muitos casais acham que vão necessitar de chupetas, biberões, esterilizadores, recipientes para andar com as doses de leite, dispensadores de leite em pó.... É claro que muitos bebés podem precisar disto, mas comprar de tudo isto ao kilos na gravidez e assumir que vai ser preciso, acho que é assumir logo que a amamentação não vai funcionar ou é mesmo porque há uma cultura que nos faz associar tudo isto a bebés! Sim, a decoração de baby showers envolve sempre biberões e chupetas! Claro que é algo que os bebés usam, mas nem todos e nem é essencial, e imensas vezes vejo que estes são os itens de oferta neste eventos e é isso que me faz ter esta reflexão entre o que está enraizado em nós relativamente a necessidades dos bebés e o que ele necessitam na realidade.

Posso falar um pouco do nosso exemplo. Compramos um biberão na gravidez, porque sabíamos que iríamos precisar pois teríamos que cedo deixar o Diogo com alguém, pois tínhamos trabalhos marcados, e de qualquer forma assim sabíamos que se fosse necessário de repente teríamos já um. Hoje temos 2, porque achamos mais prático para quem ficasse com ele ter dois, e compramos o segundo porque vimos uma promoção quando ele tinha 15 dias, mas se soubesse não teríamos comprado nenhum, teríamos experimentado primeiro o copo para dar o leite materno! E a ideia é guarda-los para reutilizar em próximos filhos, que assim, ao menos tentámos ter um menor impacto. Tivemos que comprar também o esterilizador, não pelos biberões, mas por causa da bomba de amamentação. Sim, era melhor ferver no fogão, e não adquirir mais plástico, mas fazê-lo tantas vezes com um bebé pequeno é difícil, porque por uma vez íamo-nos esquecendo daquilo e podia ter corrido mal. Hoje digo, ok, podíamos não ter sido preguiçosos e ser parte da rotina da noite quando o bebé está a dormir e era escusado o esterilizador, mas por outro lado, imensas vezes deito-me logo quando ele vai dormir, porque apetece-me imenso ali ficar e aproveitar todos os momentos juntinho do meu pequenino, e às vezes, adormeço logo ao dar-lhe maminha e lá foi a rotina da noite! Imensas vezes, rio-me de manhã porque ficou tanto por fazer, mas foi por um motivo tão bom, são momentos que não se repetem! Depois a questão das chupetas. Já perdi a conta das vezes que ouvi "Porque não traz chupeta?". A chupeta é uma das verdades absolutas para toda a gente, bebé que é bebé tem de ter chupeta. Vejo tanta gente que gasta rios de dinheiro a comprar mil e um modelos de chupetas a ver se encontra um que o bebé pegue! Ei lá, isto para além de insustentável é estúpido! A chupeta pode ser um grande aliado mas se não usada com lógica é um inimigo, e sou apologista que se o bebé não quer, não se insiste! A chupeta tem inúmeros contra, claro que também tem imensos prós, mas para quem fizer alguma pesquisa e pesar tudo na balança, para mim, os contra ganham. Mas não neguei chupeta ao meu filho. Estávamos na recta final de gravidez e decidimos que era melhor adquirimos algumas. Compramos 4 e mantivemo-las guardadas. Apresentamos a chupeta com mais de um mês, porque achamos que podia ser uma ajuda nalgumas situações. Penso que a última vez que usou chupeta teria uns 7-8 meses ou talvez até mais cedo, usávamos quando estávamos no carro e sentimos que aí era um grande aliado quando ele estava com sono, e com a chupeta dava 2 mamadelas e ou adormecia ou começava a brincar com ela como se fosse um brinquedo qualquer, mas na realidade hoje em dia adormece no carro sem nada, mas também hoje em dia gosta de andar de carro, algo que não era normal nos primeiros meses. A outra situação em que era necessária era quando não estava com a mãe, as outras pessoas necessitavam dela para o adormecer, mas acho que é porque sempre a mandamos, porque penso que se não fosse por isso, tinham encontrado outras estratégias, e mesmo assim, dizem-me muito desde sempre, ele não quis, assim como o biberão que cada vez rejeitou mais até uma vez em que não quis mesmo mais, por volta dos 7 meses. Comigo o Diogo adormeceu praticamente sempre sem chupeta, houve uma altura que a usava, mas pensei, vou esquece-la, tenho de encontrar outra forma, e hoje ele adormece na maminha, apenas no colinho, na bola de pilates, no mei tai... Quando a mamã não está o papá adormece-o facilmente com colinho e miminho.....

Com isto não quero dizer que a chupeta é um inimigo, para mim é uma instrumento que deve ser usado se necessário, e que é bastante útil se bem usada, e apenas peguei no assunto da chupeta como exemplo de uma das coisas que nós em sociedade, tendo ou não filhos, associamos a um bebé. Conclusão de tudo isto, temos de ser todos a mudança, não assumir que bebé é igual a chupeta ou biberão, bebé é muito mais coisas, é colo, é mimo, é carinho, é amor..... Acho que era muito mais benéfico em baby showers, se queremos oferecer algo, pensar num bom pano para babywearing, em roupa, brinquedos didácticos, sei que muitas vezes, são os papás que fazem a lista do que necessitam, e começa logo aí o problema, mas talvez quem está de fora, em vez de mandar aqueles bitaites que não servem para nada, pode tentar fazê-los ver que um bebé também é mimo, colo, sorrisos e momentos especiais e não só biberões, chupetas, esterilizadores espalhados pela casa....