Hoje trago um tema que pode ser um pouco sensível para algumas pessoas mas penso que é algo que deve ser desmistificado na nossa sociedade. A amamentação é natural e é uma característica nossa enquanto espécie, e faz parte da nossa biologia. Por isso, não entendo tantos mitos envoltos neste tema, mas isso deixarei para outro post. Antes de engravidar, achava que a amamentação ia ser muito difícil e tinha ideia que até podia ser impossível, talvez por causa de tudo isto que ouvimos toda a vida. Durante a gravidez, era algo que queria muito mas estava com medo de não o conseguir.... Felizmente, recebi a informação certa na gravidez, primeiro no centro de saúde no curso de preparação para o parto que decidimos frequentar, e depois procurei por mais e mesmo assim só já com o Diogo cá fora descobri algumas coisas e continuo a descobrir todos os dias! Acho que o curso no centro de saúde foi essencial, pois penso que foi o que me fez entrar no tema mais relaxada e mais informada, e penso que foi essencial para ditar o sucesso na amamentação.

O início foi atribulado, eu tinha muito colostro mas o Diogo era muito pequenino, e felizmente, na maternidade onde ele nasceu, senti um apoio enorme de toda a equipa para amamentar e ajudaram-me muito na pega. Nos primeiros dois dias, não estava a conseguir sozinha e ajudavam-me sempre, e comecei a ficar assustada de como seria ao ir para casa, e felizmente magicamente ao terceiro dia parece que entramos os dois nos eixos e consegui pô-lo a mamar sem qualquer dificuldade! Ao ir para casa, pouco tempo depois de chegarmos a casa o Diogo teve fomeca e por mais voltas que dava não estava a conseguir que ele pega-se, foi um desespero, cada vez ficava mais nervosa e foi aí que liguei à parteira que me disse para relaxar e que ele não ia morrer à fome por mais 1h e disse-me que não fazia mal dar-lhe um pouco de outro leite para relaxarmos todos, e que não era uma vez que fazia mal, e admito que foi por isso que liguei, pois tinha lá uma amostra e já não sabia que mais fazer e estava a desesperar e só via aquela solução. Dei então 20ml de leite adaptado ao Diogo num biberão com as lágrimas a escorrer-me pois sabia que amamentação é natural e funciona e sabia que não queria fazer aquilo, tinha medo que ele não quisesse a mama mais, e pronto, ele bebeu e acalmou e esse foi o único leite adaptado que bebeu na vida dele. Depois já não me lembro bem, que acho que acalmei por ele já estar alimentado e acho que mamou logo ou passado pouco tempo sem problemas. A partir daí não tive muito mais dificuldade a dar maminha, às vezes, era complicado guia-lo pois era mesmo muito pequenino e ele às vezes só estava à procura e nem 100% acordado e tinha mesmo de ajuda-lo mas a pouco e pouco fomos apreendendo um com o outro. O único problema ao início é que durante as três primeiras semanas doía-me muito amamentar. Na maternidade disseram que a pega estava boa e a nós parecia boa, mas doía. Eu como queria muito continuar, aguentava, agarrava o Tiago, mordia almofadas. Hoje sei o que correu mal naquela altura e que melhorei ,na altura sem me aperceber, por diversos factores. Primeiro, no início fiz várias coisas erradas, que hoje sei que o são, por exemplo, (1) usei conchas, pois estava sempre a encher os discos, e também tinha de estar sempre a descarregar as conchas, e sozinha acabei por achar que aquilo mantinha o mamilo muito húmido e não ajudava nada, e acabei por deixar de usar, e depois acabei por descobrir que são tão desaconselhadas!! (2) Depois, usei bomba para aliviar no início, oh não outro erro crasso, estava a estimular mais e só a fazer pior, depois lá acabou por me chegar os conselhos certos, tanto da parteira, de como uma amiga enfermeira, de como as minhas pesquisas online, e comecei a usar outros métodos de aliviar, até houve uma vez comecei a ficar com a maminha muito dura, quente e vermelha e consegui resolver. (3) Às 3 semanas de vida do Diogo, depois de andarmos às voltas para o ajudar no refluxo dele, consultámos uma osteopata, e ficamos a saber que o Diogo tinha um problema postural que afectava o refluxo dele, e também a forma como mamava. Fomos fazendo o acompanhamento dele e era bastante visível, a mudança na postura dele, e foi só aos 2 meses dele, que em conversa com uma conselheira de amamentação, que consultámos na altura para avaliar se a pega estava 100% bem (e estava) por causa do refluxo, que dei conta que as dores na amamentação passaram a partir do momento que começamos o tratamento da osteopata e só aí fiz a ligação entre o problema postural dele e a dor na amamentação. Realmente a osteopata tinha referido que o fazia fazer um esforço diferente a mamar, mas uma pessoa na altura de privação de sono e ainda com cromossomas masculinos a nadar aqui dentro, não faz a ligação logo, xD. Desde aí que a amamentação tem sido um caminho longo, em que cada dia é um dia. Não voltei a sentir dores, excepto quando ele se lembrou de morder, mas também a cam aconselhou-me como lidar com as mordidelas antes de elas começaram, e acho que nunca foram um grande problema. Passei algumas fases em que naquele dia não estava com paciência para dar maminha, outras em que desesperava quando ele estava horas sem pedir, acho que é mesmo assim. Mas continuo a adorar o momento, é aquele momento só nosso, em que aqueles olhinhos riem para mim e ele tenta retribuir pondo os dedinhos na minha boca, é tão querido. Espero que a amamentação continue, enquanto ambos queiramos.

Quero também salientar que esta jornada não era possível, claro que sem o meu Diogo, mas também com o apoio fundamental do pai dele, o meu Tiago. Acho que a amamentação é mesmo um trabalho dos pais e do bebé, apesar de ser apenas eu que dou a maminha, sinto que o apoio, presença e acompanhamento do pai do bebé são cruciais e fundamentais.