Sinto-me uma sortuda pois pari no meio de uma pandemia mas consegui fazê-lo da forma mais importante para mim, acompanhada do meu marido, do meu porto seguro, do meu companheiro e de forma humanizada.


Desde que descobri a gravidez no meio de uma pandemia, que sabia que a minha prioridade era ter o papá presente. E ao longo que a gravidez foi avançando cada vez tive mais medo de como ia ser o parto em pleno pico da pandemia. O covid tem sido desculpa para muitos hospitais para atropelarem direitos, que pai não tem o direito de ver o filho nascer? No período que estamos a viver actualmente até posso tentar perceber mas no verão em que estava tudo na praia na maior? E entrar apenas no período expulsivo? Então e todo o tempo até aí? A mãe precisa (se assim o desejar) e muito do apoio do papá! Para mim foi maravilhoso tê-lo nos dois partos e sei que fui uma sortuda por tê-lo em plena pandemia, a fazer-me rir, a dançar comigo, a massajar-me, a acalmar-me, a apoiar-me, a ajudar a tomar decisões, a ser tudo e mais alguma coisa! Nesta gravidez optámos por ter o apoio de uma doula, algo que sentimos que faltou na primeira vez, e tínhamos decidido logo que numa próxima teríamos e assim foi. E veio a pandemia e tivemos a nossa doula mas não a pudemos ter no parto! É algo que vou sempre sentir falta, disso e de ter feito parte da dilatação na piscina, mas pronto também compreendo e posso passar sem isso! Tive o mais importante e essencial para mim e para a minha bebé, o papá, apoio e informação, e um parto super respeitado e humanizado, e o apoio da doula via whastapp com o papá.


Infelizmente sei que não é a realidade para grande parte das grávidas que têm parido durante a pandemia e fico triste, muito muito triste. Se no início era tudo novo e pouco sabíamos, porra agora já sabemos muito. De que vale agora separar mães e bebés? De que vale negligenciar o apoio a uma mãe em trabalho de parto porque está positiva? Nem sabem o medo que tinha de dar entrada e dar positiva sem saber estar, e ser transferida de hospital e o plano ir todo ao ar! Uma grávida precisa de ter esse stress? Desde outubro que nós tínhamos fechado ao mundo, sem estar com ninguém da família, sem estar sem máscara com ninguém, e com todos os cuidados e mais alguns, já desde o início que estávamos com todos os cuidados mas a partir daí nem com os avós o Diogo estava, e mesmo assim eu tinha medo! E continuo cheia de medo, mas isso fica para outro post.

Toda a gravidez o meu medo não era o parto, nem o pós parto, era o vírus, e tive de fazer um esforço enorme para me libertar desse medo! Voltando ao assunto, neste momento a situação está drástica, agora é que aceito um bocadinho que possa não haver espaço a estar um pai presente, pode ser difícil logisticamente em termos de espaço e recursos mas mesmo assim acho que o esforço deve ser feito, um bebé só nasce uma vez e um mau parto pode deixar marcas para sempre no bebé, na mãe e em toda a família!


Por isso, todos devemos continuar a lutar para ultrapassarmos isto mas fazendo nascer de forma digna e humanizada os humanos que vêm habituar o mundo que irá ficar quando a poeira assentar!