Com o primeiro aniversário do Diogo, decidi começar esta serie de posts que vou publicar nos próximos dias.

Hoje vou falar um pouco do que gostava que me tivessem dito na gravidez. Sim ouvimos muita coisa na gravidez, mas há informações úteis que nos podiam ter dito em vez de nos contarem aquelas histórias negativas da prima, da vizinha, da amiga da amiga...

O pós parto é duro....

Em primeiro lugar, ninguém nos fala do pós-parto verdadeiro! Hoje em dia, já entrei num mundo diferente e já descobri quem fale disto e cheguei à informação certa, mas na minha gravidez quem teve contacto comigo só me falava do bebé, vais ter um bebé para mudar fraldas, para adormecer, para ver, e ninguém me falava de mim. Sim, o pós-parto é difícil, pelo menos para mim foi, e acredito que seja difícil para a grande maioria das mulheres. Há muita coisa para gerir, para além de termos um bebé, o nosso corpo esta em recuperação e diferente e temos de lidar com tudo ao mesmo tempo. Lembro-me de estar muito cansada, sem posição e sentia me tão diferente, não me sentia eu, e o ter o Diogo ajudou muito, que ao cuidar dele desligava de isso tudo. Outra coisa que ninguém diz, é que não vamos ter tempo para nada. Ouvia muito: "dorme quando ele dormir". Mas então, e o resto das coisas? Se eu tivesse dormido sempre que ele dormia não conseguia comer, tomar banho, já não falo de cozinhar ou lavar roupa, porque felizmente durante muito tempo o Tiago desdobrou-se para fazer tudo isso sozinho. Não percebo, se calhar sou alien mas quem diz isso não pode ter tido filhos, tipo eu perdi a conta das vezes que almocei, jantei, lanchei, tomei o pequeno almoço a dar de mamar e tomar banho era uma vitória, como diz a minha prima, "tomar banho nos primeiros tempos é como ir a um spa" e é mesmo! Ene vezes que me preparava para entrar no banho e o Tiago dizia, tens de vir, e essas já eram poucas, que o difícil era conseguir uma fugida para ir ao banho, mas lá se foi conseguindo! E no meio disto tudo, o meu corpo a recuperar e eu a reconhecê-lo aos poucos!

O bebé não precisa de mil e uma coisas! Só precisa de nós....

Outro ponto, é dizerem-nos que o bebé precisa de mil e uma coisas! Felizmente, fomos desmedidos e não compramos muita coisa e confiamos no nosso instinto e não no que nos diziam e ainda bem, pois os bebés não precisam de mil e uma coisas! Por exemplo, por aqui o berço (cama de grades) foi a compra que podíamos não ter feito. Teve sempre ali encostado, o Diogo brincou lá algumas vezes com o mobile, fez meia dúzia de sestas lá e praticamente não o usámos. Sem dúvida que foi uma compra desnecessária e podíamos ter comprado a cama actual dele um pouco mais cedo. Pelo contrário, algo que sentimos que poderia ter ajudado foi o berço next to me que não temos, e nos primeiros tempos ele dormia na alcofa e era um filme de noite retira-lo e pô-lo na alcofa e talvez o berço tivesse sido boa ideia. Por outro lado, desde que fazemos co-slepping que a noite se simplificou muito, por isso não sei se teria ajudado mas penso que sim, pois também possibilita o co-slepping, por isso, numa próxima acho que iremos procurar um em segunda mão ou assim. Neste ponto das mil coisas, não compramos montes de biberões e chupetas, e ainda bem, e até tenho um post preparado que fala sobre estes mitos e afirmações enraizados na sociedade onde falo um bocadinho melhor sobre isto. Também nos dizem que precisamos de capa para isto e para aquilo, protecções para isto e para aquilo, roupa aos kilos...tanta coisa, é como o que o Tiago diz, nas lojas viram-se para nós e perguntam "Não quer o melhor para o seu filho?". É é mesmo assim, os pais de primeira viagem, sentem-se pressionados a comprar tanta coisa que a sociedade faz acreditar que é necessário e, pior, faz senti-los culpados. Por aqui nem andador (acho que é assim que se chama, aquilo que não é um voador e ele tem de empurrar) sentimos necessidade de comprar e somos muito controladores na quantidade de brinquedos, e tentámos prevenir quem nos rodeia para não o encherem de coisas, porque ele não precisa, a maior parte das vezes, ele liga muito mais a coisas que não são brinquedos e em brincar com as pessoas, os gatos e o Tobias! Mesmo a espreguiçadeira estávamos indecisos, acabamos por comprar e sim deu jeito mas ainda bem que não esbanjamos e compramos uma muito simples e que só dava até aos 9kg, porque acabamos por a arrumar muito antes disso! O carrinho, sem dúvida que dá jeito, nem sempre mas a longo prazo dá. Muitas vezes dá muito mais jeito o mei tai ou pano, porque é muito mais prático, e sim, essa foi uma óptima compra. Nos primeiros meses era como me era possível fazer alguma coisa, trabalhar um bocado, cozinhar, e era um sítio onde ele adorava dormir, ali juntinho a nós, e sabe tão bem tanto a ele como a nós!

Os bitaites continuam e... pioram

Depois do bebé estar cá fora parece que cada vez ouvimos mais bitaites e opiniões de como educa-lo, principalmente de quem nos conhece menos! Eu sabia que ouve-se para sempre mas porra, sempre a insistir no mesmo? Tenham lá calma!

Tudo, mas mesmo tudo, vai ser diferente

É claro que sabia que a minha vida ia mudar. O Diogo foi muito planeado e preparamo-nos para isso. Mas há pequenas coisas no dia-a-dia que nos esquecemos que iam ser diferentes. Por vezes, por um segundo, queremos respirar um pouco e simplesmente não dá. É mesmo um trabalho a 200%, super trabalhoso mas muito compensador.

Não há tempo para fazer nada

Após um ano já me consegui ir organizando mas realmente ninguém me avisou que não há tempo livre! Às vezes estou vários dias para fazer uma coisa, pois se ele precisa de mim, deixo tudo em pausa! Ao início, nem dá tempo de cozinhar, mesmo com a ajuda do papá, e bem que nos ajudou a família que nos trouxe comidinha pronta a comer, saborosa e saudável!

Eles também ficam doentes, sofrem com os dentes e têm dores de barriga!

A sensação de impotência quando eles estão doentes é horrível. Cólicas, felizmente com as massagens, um probiótico, muito pano e a osteopatia, o Diogo não sofreu muito, mas chegou a ter umas noites complicadas e que junto com o desespero do sono, o cansaço, a impotência de não lhe conseguir tirar as dores é simplesmente horrível. Os dentes, têm atacado muito o Diogo, já chegou a ter diarreias e febre na altura que saíram os primeiros e foi bem difícil e, ultimamente, tem dias que ele quer roer tudo e vê-se como está aflito e tentámos ajudar ao máximo e é tão difícil! Uma vez teve febre, na altura em reacção a uma vacina, e teve uma noite em que ele estava tão aflito, mesmo medicado, que custou mesmo muito vê-lo assim. E também é difícil quando estamos doentes ao mesmo tempo. Nós começamos o ano todos aqui com gripe, e já não me lembro de uma gripe me atacar assim, eu fiz muita febre que não passava por nada e foi tão difícil ter um bebé para cuidar, estando assim, mas mais difícil foi quando ele também ficou doente!

As nossas prioridades mudam...e os filtros desaparecem

Algo que nunca ninguém me falou é que há coisas que eram importantes que o deixam de ser e que é algo automático que fazemos! Sinto também que passamos a valorizar muito mais certas coisas também. Nunca me falaram disto na gravidez! Por exemplo, deixá-lo para um trabalho ou por lazer tem de ser por algo que valha mesmo a pena. Também senti que a minha personalidade vincou-se. Acho que depois de ser mãe, sou mais directa e às vezes parece que perdi os filtros, sai tudo nu e cru e não perco tempo a embelezar! Ao início sentia mesmo, ei lá, que falei mesmo sem pensar, mas disse tudo o que era preciso ser dito!

Vais fazer coisas que nunca achaste que ias fazer e vais te arrepender de outras

Aqui está outra, eu nunca ouvi "Vais ver quando fores mãe", também porque nunca opinei sobre como alguém educa os filhos, e vou continuar a não fazê-lo. Mas, hoje em dia, percebo porque às vezes os pais e mães fazem algo de certa forma, e às vezes quando ouço eu os bitaites apetece-me mesmo responder com o "Vais ver quando fores mãe...". Felizmente, tenho conseguido não perder aí os filtros e simplesmente entra por um lado e saí pelo outro. Por outro lado, há coisas que fizemos de uma certa forma há uns meses que se calhar hoje em dia faríamos de outra forma, mas, é como eu digo, errar é humano, e só assim apreendemos, e se calhar eu tinha de passar pela experiência de fazer daquela forma para perceber que devia fazer de outra forma.


Sem dúvida, que na primeira viagem, há muito que não sabemos e penso que numa segunda ou terceira ou até mais, há sempre coisas novas a descobrir e que não sabemos que nos esperam. Mas de qualquer forma, penso que quando for para uma segunda vou estar muito mais preparada para o que se segue relativamente e ter um bebé, se bem que para a parte de ter dois, para isso de certeza que não vou, vai ser a nossa aprendizagem!