Acho que este ano fomos todos envolvidos num sentimento de impotência avassalador, esperando que tudo pudesse passar de repente, e sentirmo-nos livres de novo. Para mim, estar na recta final de uma gravidez, e sentir que pouco a passei com os meus, deixa-me tão triste. São momentos de alegria que queria viver em família, mas não é possível, não é seguro, e apenas se todos nos esforçarmos é que vamos conseguir. Estamos já em novembro, de um ano muito atípico, em que parece que o tempo voou, e em que parece que perdemos tanto! Foi preciso algo assim para muitos darmos atenção a pequenas coisas que não dávamos não? Faz-me lembrar os primeiros tempos da maternidade. Quando temos um filho, pelo menos comigo, senti que nos transporta tanto para o presente, para o momento... eles encontram alegria e diversão nas pequenas coisas, que nós no nosso dia-a-dia já não notamos, o pisar das folhas de inverno, o pó que se forma no raio de luz a entrar na janela... tanta coisa! E espero que muita gente tenha pelo menos sentido isto ao passar mais tempo com eles devido a tudo que se passou e passa! Sinceramente é algo que espero que muitos tirem de positivo este ano e os faça batalhar por mais direitos, o estar mais tempo e mais presente na vida dos nossos filhos, o estar com eles, e quando digo este estar não é a presença física, é mesmo estar disponível para eles, observar como todos os dias descobrem coisas novas e como essas pequenas coisas os maravilham! É absolutamente fantástico, as crianças realmente nascem para nos ensinarem, para nos tornarem mais humanos até, não sei, parece-me assim para mim!


Apesar de tudo isto, começo ultimamente a duvidar da capacidade da humanidade tirar algo de bom disto, e não percebo porquê, tinha tudo para dar certo! De repente, deixaram de se preocupar com os outros, de ter noção da realidade e da gravidade do que se passa, ou então estarem cansados e quererem fazer uma pausa, sem pensarem muito nas consequências. Não sei, se calhar só estou só a ver o lado negativo, agora com o aproximar do parto e do stress inerente! Sempre pensei no meu segundo parto, desde que passei pelo primeiro, como um momento pleno e calmo, para o qual me sentia verdadeiramente informada, confiante e preparada, mas neste momento só consigo pensar "e como vai estar tudo naquele momento? Vamos estar em pleno pico?" e isso stressa-me claro, tento abstrair-me disso, não me centrar nisso, mas depois tudo o resto não ajuda. Como muita gente, estamos numa posição em que não sabemos como vai ser a nossa vida profissional nos próximos meses, e é assustador! Provavelmente teremos de parar muito tempo e como será? Não sei, por agora, é um dia de cada vez, perceber como tudo se está a desenrolar e perceber como todos juntos vamos sair disto, sim, porque continuo com a esperança que todos nos vamos unir e ultrapassar tudo!